quinta-feira, 10 de abril de 2014

Água da Rainha - Couture Couture Juice Couture






Desafio do dia: Resenhar um perfume no qual, em primeiro (e segundo) contato simplesmente não consegui usar, apesar de reconhecer que SIM, é um belíssimo exemplo de um Oriental Floral carregado de flores brancas.  Foi produto de uma troca maravilhosa com a Cirlei Inn, que conheço de alguns anos nos grupos de perfumes e principalmente do Orkut.


Dos perfumes da Juicy Couture (casa americana onde o mote principal é moda) acredito que o mais conhecido é Viva la Juicy, um floral frutal gourmand carregado de caramelo, baunilha e pralinê. Salivou? Pois é, não o conheço ainda então, se alguém quiser doar uma amostrinha....

Viva La Juicy, viva os perfumes caramelados
Curiosamente, a explosão doce de Viva La Juicy foi criada um ano antes do nosso protagonista de hoje, Couture Couture. Caso eu colocasse em linha de tempo "olfativa", Couture Couture estaria entre os opulentos oitentistas com pegada moderna. Mesmo assim, sua alma na verdade voa mais longe,  é rococó.


Vamos às notas:

Saída: tangerina, flor de laranjeira africana, toranja
Corpo: jasmim, madressilva, ameixa
Fundo: âmbar, baunilha e sândalo

Imersão, vem comigo!

Imagine-se em um salão imenso, arquitetura Rococó onde observa-se a primorosa e detalhada arte da época, rebuscamento de uma maneira lúdica. Pé alto, janelas imensas e muita pompa. 



Todos se vestem com modelos da época: mulheres com vestidos estruturados com anquinhas, anáguas, rendas e fitas,  espartilhos.  Cabelos em cachos profusos, sendo naturais ou perucas. Os homens tão ornados quanto às mulheres, trajes que iam até o joelho, meia branca, muita renda e fitas, perucas e maquiagem com muito pó de arroz. 





Em uma parte do salão há mesas seguindo o mesmo padrão de decoração. Sobre elas, muitos vasos onde jasmins inebriam com o seu odor característico.  Travessas rasas carregam uma ode de ameixas maduras e sumarentas. Um grande prato fundo com ponche feito de frutas cítricas está em meio às travessas, assim como potes menores de cerâmica delicada carregam mel fresco de flor de laranjeira. 

Você tenta absorver todos esses aromas até que ouve um ruído persistente que sobressai a música breve que toca pelo salão. Olha para os lados mas percebe que o barulho vem do seu bolso. Puxa o objeto dali, o leva até a orelha e atende.

Sim, é um celular. 
Corta.

Tu deve estar se perguntando, o que um maldito celular está fazendo em uma lúdica cena do século XVIII?

Na verdade, eu transportei a resenha quase para o filme Maria Antonieta, aquele com a Kirsten Dunst. 



Aliás, Couture Couture me remeteu diretamente à personagem, à frente de seu tempo. Mas pelo fato de ser interpretado pela Kirsten me atrelou o filme ao perfume. Já explico o porquê. 

Mas...e o celular? Bem, o salão, as pessoas, tudo é possível sim. Mas transporte isso para os dias de hoje. Então, que tal uma festa com temática Rococó? Sim, isso mesmo. Uma festa à fantasia. 

Resumindo o que sinto nele: saída de bergamota bemmm madura, quase passada. O jasmim domina a pirâmide após os 10 segundos brevemente cítricos, seguido com aquela ameixa suculenta, macerada no mel. Couture Couture não apresenta essa nota, que atribuo à flor madressilva (que segundo pesquisa, remete à mal com jasmins). A flor de laranjeira logo dá o seu abre alas (quem gosta conhece muito bem o seu aroma) e de mãos dadas ao jasmim, bailam lindamente, que belo par de flores brancas! O âmbar leva toda essa doçura pungente nas costas, dando uma brisa advinda de madeira doce queimada. Termina cremoso e ambarino, mantendo uma silagem (rastro) potente por pelo menos 3 horas, durando facilmente por mais de 10 horas. 

Couture Couture te lembra épocas longínquas,  seu frasco old fashioned manda a mensagem. No entanto, de forma alguma é datado, pelo contrário. Mantém a sua alma vintage, rebuscada e cheia de frufrus mas ainda assim é moderno e seguramente usável nos dias de hoje. Não é atalcado, não tem cheiro de batom nem maquiagem, não tem acento aldeídico nem notas animálicas que poderiam "sujar" a pirâmide. Nem mesmo o seu jasmim é indólico (mais sobre o jasmim aqui). 

Por isso a imagem da Kirsten Dunst. É uma jovem atris que me remete ao passado. Talvez o seu papel marcante em Entrevista com Vampiro calou na minha pessoa como uma criança com alma centenária. Associações.....

E...gente...queimei a língua b-o-n-i-t-o. Ele realmente não é um perfume muito fácil, principalmente para quem não gosta tanto de florais. Precisei de algumas "usadas" e de uma profunda análise para ver a sua beleza. 

Entrementes, uma ponte entre o passado e o presente.

Bjsss de K-Pax

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Cirlei, te agradeço pela oportunidade de conhecê-lo! Passadas as rusgas iniciais devido à minha natural resistência à florais, o relacionamento vai indo muito bem!

      Ah, e tu é guerreira de ler até o fim. Mas aquilo, criei o blog justamente para resenhar sem retrancas. Lê quem tem paciência para textos gigantes, rsrsrsrs. Bjssss

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